domingo, 11 de dezembro de 2016

Eu nasci há dez mil anos atrás. Mulher anos 90.

Sou uma mulher anos 90.
Gosto de coisa velha, música velha, filme velho, gente velha.

Mas não troco quem eu sou hoje pelo que eu era antes, só gosto de entrar no túnel do tempo de vez em quando.

Um dia descobri que tenho material de museu em casa.
Achei nos meus guardados: um teletrim, ficha telefônica, um walkman (sempre amei ouvir música), um discman, discos, disquetes, câmera fotográfica de filme.
Achei fitas cassetes com músicas que ouço até hoje.

Fiquei toda boba a primeira vez que recebi uma mensagem no teletrim quando estava na rua. 
Geeeente, que modernidade! Só recebia, mais nada. 

Falando em rua. Brincava na rua o dia todo. Gastava energia e calorias na rua. 
Era muito bom.

Tinha que esperar a rádio tocar a música para gravar. Que alegria conseguir. Sempre tinha o infeliz do locutor para falar alguma coisa no meio. 
Todo cuidado com a fita premiada.
Ostentação era ter 2 tape deck e vitrola!

O primeiro vinil foi um marco (tirando os discos da Xuxa). Comprei com meu próprio pouquinho dinheiro. Gastei a agulha do vitrolão do velho em pouco tempo. Adorava mexer na vitrola. Tinha um charme.
Cheirinho de disco tocando era lindo. Ainda tenho os discos também.
Meu orgulho.


Carrão antigo. Acho lindo aqueles grandes.
Se eu pudesse e meu dinheiro desse.



Casarão antigo. Penso logo na muita história que tem naquele lugar. Nem sempre história boa. Parece que casarão antigo tem coração. 

O filme era repetido vááárias vezes na sessão da tarde, mas eu via como se fosse a primeira. Curtindo a vida adoidado, Gatinhas e Gatões, Os Goonies...
Não imaginávamos que no futuro teríamos 12.742.924 filmes guardados no computador. Nem dá pra ver tudo isso!


Via MTV (no canal 9) igual uma tarada para ver o clipe da banda favorita. Minha mãe já estava preocupada.

Câmera de filme. Comprava um filme, batia a foto, mandava revelar e não salvava nenhuma. Quem nunca? 
Já achou que tava tirando fotos e o filme não tava rodando na câmera? Eu já. 
Eu nunca acertei colocar o filme na câmera direito.
Já achei que tinha fotos perfeitas e tava tudo uma porcaria.
Tinha que escolher bem o que queria fotografar. Uma foto era um evento.

Acho que dávamos mais valor porque antigamente era mais difícil. Difícil e caro tirar uma foto, usar um telefone, gravar uma música.

Ter um livro era ostentação. Eu pegava na biblioteca. Já chegava ensebado na minha mão de tanto que rodava (daí os "sebos"). 
Hoje os livros começam e terminam comigo. Emprestei poucos e não lembro quem não me devolveu!
Pesquisa tinha que ser na biblioteca. Fazer um trabalho de escola dava trabalho mesmo!

Eu mandava cartas. Muitas cartas. Que irado receber uma carta do carteiro. Carta escrita à mão.
No Correio tinha fila. No orelhão tinha fila. Na locadora de filmes tinha fila (rebobine a fita!). Biblioteca tinha fila.

Agora os jovens tem tudo na mão. Tudo fica fácil e sem graça. Sem valor.
O filme dá para ver depois. Foto já tem demais. A música tá bem guardada.
Não digo que é ruim. Só é muito diferente, não tem importância.

Esse papo te faz sentir velho? Você não é velho, é um clássico!

Coisa antiga me chama atenção, mexe com meu coração.

Toda época tem sua parte boa e parte ruim. 
Deixa para guardar só o que faz bem.

Algumas pessoas são como vinho que melhoram com o tempo. Outras são como o leite...



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